Brayden Point, pivô do Tampa Bay Lightning, comemora após marcar o gol da vitória na prorrogação contra o Toronto Maple Leafs no jogo 6.
Não há nada como as rodadas de abertura dos playoffs da Stanley Cup.
Jogos todas as noites, grande hóquei - às vezes com exceção do goleiro - e os fãs ficam anualmente emocionados e irritados ao mesmo tempo.
O aborrecimento é geralmente sobre a arbitragem, já que os árbitros mudam de seu livro de regras da temporada regular para um livro que nunca foi impresso.
Nesta primavera, no entanto, há um novo aborrecimento nunca antes visto. Hockey Night no Canadá parece ter se transformado em Hockey Night at the Casino.
Com todos os anúncios aparentemente sobre apostas, o escritor de hóquei de longa data Jim Matheson, de Edmonton, twittou esta semana que: “Anseio pelo mesmo comercial de Tim Hortons repetidamente”.
Conte comigo e milhões de outros com você, Jim.
E não são apenas os comerciais. A Sportsnet agora tem um segmento programado, SN Bets, que se destina a ensinar aos espectadores mais sobre as sutilezas de apostar em mais do que apenas o jogo – apostas em arremessos, apostas em quem marca primeiro, apostas entre períodos, apostas em quantos anúncios de apostas irritantes será executado antes da campainha final.
“Não queremos atingir as pessoas na cabeça”, disse Sam Nasrawi, diretor sênior de conteúdo da Sportsnet, a Steve McAllister, do The Parleh, um boletim semanal de esportes. “Nosso mercado não é de apostadores hardcore. Esta é uma oportunidade para chegar aos fãs de esportes e educá-los lentamente sobre as apostas.
“Nossa abordagem será muito leve. Sabemos que estamos atingindo um público muito grande que pode não gostar de apostar… ou pode não saber muito sobre isso.”
Uma vez que a porta se abriu para as apostas online legalizadas, as transmissões esportivas explodiram com publicidade para várias plataformas de apostas conhecidas como sportsbooks. O Canadá percorreu um longo caminho desde quando os apostadores procuravam ingressos ilegais do Irish Sweepstakes.
O respeitado historiador do hóquei Eric Zweig diz que “se encolhe” quando vê personalidades conhecidas do hóquei promovendo apostas. “É como se o mundo inteiro tivesse esquecido a longa e sombria história de esportes e jogos de azar.”
Zweig diz que apostar no hóquei está longe de ser novo. Mesmo antes da formação da NHL em 1917, os torcedores apostavam abertamente nas arquibancadas.
Em fevereiro de 1915, jornais de todo o país noticiaram uma tentativa de subornar dois membros do Quebec Bulldogs antes de um jogo contra o Toronto Shamrocks. A estrela do Bulldogs, Harry Mummery, aparentemente recebeu US$ 1.000 para jogar o jogo, enquanto o treinador da equipe recebeu US$ 50 para aumentar as bebidas de certos jogadores. Ambos recusaram.
Zweig lançará um novo livro neste outono, Hockey Hall of Fame: True Stories, que incluirá a suspensão da NHL de 1946 de Babe Pratt, o defensor do Toronto Maple Leafs que, duas temporadas antes, havia recebido o Hart Trophy como o melhor jogador da liga. MVP. Na temporada seguinte, ele marcou o gol da vitória na final da Copa Stanley.
Pratt era um superstar, mas também um jogador. Quando a liga o pegou, o presidente da NHL, Red Dutton, o expulsou. Não havia provas de que ele havia apostado contra seu próprio time e, pouco mais de duas semanas depois, a suspensão foi suspensa e Pratt voltou à linha azul de Toronto.
Em 1948, dois membros do Boston Bruins, Billy Taylor e Don Gallinger, receberam suspensões vitalícias depois que se soube que eles estavam alimentando informações privilegiadas sobre lesões e mudanças na escalação de jogadores e apostavam em seus próprios jogos. Essas suspensões vitalícias também foram suspensas, mas não até 1970, muito depois de Taylor e Gallinger terem deixado o jogo. Gallinger passou o resto de sua triste vida tentando em vão limpar seu nome.
O hóquei, adverte Zweig, não tem nada que se compare, digamos, ao passado do beisebol, quando oito membros do Chicago White Sox foram banidos em 1919 por conspirar com jogadores para consertar jogos. Pete Rose, é claro, foi negado um lugar em Cooperstown por causa de sua admissão de 2004 que ele apostou em jogos, incluindo seu próprio Cincinnati Reds.
O futebol também teve sérios problemas com jogos de azar, mais famosos quando o comissário da NFL Pete Rozelle suspendeu duas das maiores estrelas do jogo, Paul Hornung do Green Bay Packers e Alex Karras do Detroit Lions, por apostar em jogos e se associar a jogadores conhecidos. “Eu fiz errado”, disse Hornung. “Eu deveria ser penalizado.” Menos de um ano depois, ambos estavam de volta.
Tudo isso, é claro, foi décadas antes de sites de cassino gratuitos – “rodas de treinamento” para a ação que está por vir – e o incrível ataque de publicidade que estamos testemunhando durante essas primeiras rodadas de playoffs.
O cineasta e fã de esportes de Toronto Stuart Henderson chamou os anúncios de “implacáveis” no Twitter esta semana e afirmou: “Meus filhos adoram assistir esportes, mas agora eles continuam falando sobre como mal podem esperar até terem idade suficiente para apostar online. Isso é chato, cara. Sportsnet, o que está acontecendo aqui?”
O filho de 13 anos de Henderson até perguntou ao pai se ele poderia abrir uma conta para ele para que pudesse pelo menos tentar apostar.
“Os anúncios são de ponta a ponta”, diz Henderson, “o que a princípio os deixou curiosos, mas depois os fez lamentar que não tivessem permissão para fazer isso. Eu entendo – os anúncios fazem parecer divertido, como um videogame. Parece legal, e a essência dos anúncios é 'Não quer ficar de for a? Aposte com nossa casa de apostas.'”
“Não sou puritano”, diz Zweig, o historiador do hóquei. “Eu não quero impedir as pessoas de apostar em esportes se elas se divertem com isso – mas não é para mim.
“Ouvi pessoas dizerem, principalmente em termos de futebol, que não podem nem assistir a um jogo se não tiverem um pouco de ação.
“A isso eu digo, então você não é fã de esportes.”
